quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desarrumação

Entra e desconserta,

Destrói toda forma e todo pensamento caricato

Erradica toda fórmula pronta e extingue o caminho já traçado

Manifesta o obscuro e constrói uma estrada nova

Transforma o velho vício em coragem de fechar a porta

E a expressão de certeza em um riso inseguro

Procura tocar onde mora a ferida

E não descanse até a cicatriz desabrochar

Arranca-me da zona de conforto

Venda-me meus olhos dessas paredes brancas e dóceis

Desses quadros de cores alegres que já não me dizem nada

Desse sentimento mórbido e tão inofensivo de conformismo

Mas por favor...

Não mude, não se mova, continue nessa estrada

Continue nesse lugar seguro, sua casa

Siga questionando me fazendo sentir dor

Fazendo-me feliz

4 comentários:

  1. Excelente texto! complexo o "não se mova"

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  2. Vim conhecer teu blog... Que bom que vim!Grata surpresa em encontrar um poeta tão sensivel que é capaz de nos fazer desenhar na imaginação cada verso que foi descrito.
    Parabéns, poeta!

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  3. Não se pode ficar parado, assim conformado, nem com o dia mais feliz...
    Porque de linda e boa a luz cega, e quando ela parte, mal se diz...
    Mas também não se pode apaixonar-se pelo movimento;
    Porque de inquieto, só não é desconforto por um triz...
    O ideal é ter sempre, e concomitantes, o arrumado e o desarrumado...
    Sob os olhos, à mão, debaixo do nariz!

    kkkkk =D
    Adorei, bjus!

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  4. Rapaz, seus textos são bastante provocativos! (rs) Adorei vários deles.
    Esse, em especial, mexeu comigo. A mudança é tão difícil, ao mesmo tempo não mudar pode ser pior.
    "Procura tocar onde mora a ferida" ---- Fazer isso exige mais do que coragem. Exige objetivo. :)
    Adorei. Parabéns!

    www.myqueenside.blogspot.com

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